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Violência escolar

Pais que agridem professores, docentes que agridem alunos e estudantes que agridem quem lhes ensina. E o ano escolar ainda agora começoulgo vai mal nas escolas de Portugal. Mal começou o ano e já há violência registada em todos os sectores. Professores, alunos e pais.

Pai agride professor
Arrentela, Seixal, 15 de Outubro. Um professor de uma escola básica da Arrentela, Seixal, foi agredido a murro e a pontapé pelo pai de um aluno na escola Básica Nun’Álvares. A escola faz parte dos TEIP. O pai do aluno invadiu o espaço escolar e agrediu o professor de Música, reagindo ao que o filho lhe contara. A diretora da escola tentou impedir, mas terá sido empurrada pelo agressor. Aos jornalistas, a mãe do aluno e a mulher do agressor confirmaram tudo. Já não é a primeira vez que os professores desta escola se queixam de falta de segurança e de frequentes episódios de violência. Da parte da escola ouviu-se o mais profundo silêncio.
Professor espanca aluno
Ponte de Lima, 15 de Outubro. Um aluno (de 9 anos) terá sido agredido pelo professor de História da escola EB 2,3 António Feijó, em Ponte de Lima. “Quando o meu filho se levantou, foi agarrado pelo pescoço e pelo braço pelo professor que o levou até ao corredor. Deu-lhe um bofetão na cara e um soco. Depois caiu no chão e levou um ou dois pontapés. Conseguiu fugir até à sala do diretor”, revelou o pai da criança que conta que o levou ao hospital e que depois apresentou queixa na PSP. Tudo porque, alegadamente, o aluno se levantou da cadeira para apanhar uma borracha que caiu ao chão. “A porta ficou entreaberta e nós vimos. Ele deu-lhe um soco na cara e depois um murro na barriga. Caiu e ainda levou dois pontapés”, disseram à porta da escola alguns alunos. A direção da escola anunciou um inquérito. O professor em causa tinha regressado recentemente à escola, alegadamente depois de ter estado um ano e meio de baixa psicológica. Agora, não há quem o veja. Faltou às aulas e à reunião com direcção da escola e os pais da criança.
Uns expulsos, outros não
Algumas associações de pais têm vindo a denunciar a falta de acompanhamento psicológico dos docentes, o excesso de trabalho e o facto de alguns terem problemas diagnosticados do foro psicológico e psiquiátrico e continuarem a leccionar. Nos últimos cinco anos, o Ministério da Educação expulsou 11 professores por agressões ou abusos sexuais. Mas há docentes condenados que continuam a leccionar. Uma professora de Guimarães foi condenada a dois anos e dois meses de prisão com pena suspensa. Este ano está colocada em Braga.
Família queixa-se de dois professores
Pontinha, Odivelas, 15 de Outubro. A família de um aluno (7 anos) da Escola Básica da Serra da Luz acusa dois professores de agressões com uma vara. As queixas “começaram ainda no passado ano lectivo”, explicou Vítor Neves, padrasto do aluno do 2o ano. O rapaz terá contado que foi várias vezes agredido com uma vara e outros objetos, mostrando até marcas no corpo, contou Vítor Neves aos jornais, sublinhando: “Vamos apresentar queixa dos dois professores”. Esta família denuncia também apenas haver duas vigilantes para os 90 alunos. Uma fonte do Agrupamento de Escolas Braamcamp Freire, que superintende a referida escola, disse não se pronunciar enquanto não tiver queixas formais e adianta as duas vigilantes “são os exigíveis por lei”.
Três auxiliares para 90 alunos
Não é difícil adivinhar que duas ou três pessoas não dão conta de 90 alunos. Mesmo que esse seja um número legal. É fácil antever que os meninos ficarão sem vigilância suficiente e que cedo chegarão os casos de violência. As auxiliares de acção educativa (AAE) são quem tem melhor posição na observação das crianças e quem melhor pode influenciar o seu comportamento. Olham-nas nos intervalos, observam-nas na sala de aula, ajudam, advertem, avisam... Mas não chegam para as encomendas. São cada vez menos e com mais competências. O Estado exige-lhes que preparem materiais e espaços para as actividades escolares, que acompanhem os cuidados de higiene e as refeições, que mantenham a disciplina e o bom ambiente, que acompanhem as crianças nas saídas ao exterior e que mantenham a sala limpa e arrumada. Para fazer tudo isto basta ter o 9o ano de escolaridade que o Estado paga 590 euros em início de carreira e quase 700 euros com 20 anos de profissão.

Professora parte dedo ao separar alunos
Tábua, 16 de Outubro. Durante uma aula de qualidade alimentar, três alunos (16 anos) de um curso vocacional envolveram--se numa altercação, conforme confirmou o próprio director da escola, Sidónio Costa. Ao tentar pôr cobro à situação, a professora foi também agredida. Levada para os Hospitais da Universidade de Coimbra, confirmou a fractura de um dedo e está de baixa médica. A escola instaurou um inquérito, mas os estudantes envolvidos não foram suspensos...
Delinquência juvenil cresceu 23,4%
Em cada dia de 2014 houve mais de seis crimes praticados por jovens com idades dos 12 aos 16 anos. Segundo o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), um aumento de 23,4%. “Não me parece que seja um aumento preocupante”, considerou Helena Fazenda, secretária-geral do Sistema de Segurança Interna na apresentação do RASI 2014. Por Delinquência Juvenil entendem-se os actos criminosos praticados por menores de 16 anos. A Criminalidade Grupal designa os actos praticados por três ou mais indivíduos.
Partiu-lhe o nariz à cabeçada
Beja, 20 de Outubro. Um aluno (14 anos) da Escola C+S de Santiago Maior foi agredido à cabeçada e partiu o nariz. Zélio Ramos, o pai, conta que na escola demoraram 45 minutos para o deixarem entrar. E está indignado por ninguém da direcção da escola ter feito algo. Foi Zélio quem levou o filho ao Hospital de Beja. A gravidade das lesões implicou que o menor fosse transferido para o Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, onde foi submetido a uma intervenção cirúrgica. Goraram-se todas as tentativas que a tvmais fez para obter qualquer informação do agrupamento escolar.