Uma moradora de Águas Claras (DF) está indignada com o tratamento que o filho de um ano recebeu em um hospital particular do Distrito Federal. Fernanda Aguiar fez um desabafo no Facebook e disse que fica indignada cada vez que olha para os pés enfaixados de seu filho.
O bebê deu entrada na rede de saúde com otite, que depois, segundo ela em diagnóstico tardio, evoluiu para Mastoidite e Pneumonia – mas voltou para casa com queimaduras de segundo grau, porque uma funcionária deixou uma garrafa térmica com água quente dentro do berço que ele foi transportado. A água vazou e queimou os dois pés do bebê.
— Um bebê de 1 ano, emanando energia, que há pouco já dava os seus primeiros passos — lamenta a mãe.
A família conta que, antes do acidente, já haviam passado por vários aborrecimentos e descaso. Foram, segundo eles, procedimentos equivocados, diagnóstico tardio, comida alterada, APLV (alergia ao leite de vaca) ignorada e falta de acolhimento.
Ao todo, o bebê ficou 19 dias internado, sendo 14 deles na UTI Pediátrica. No 18º dia, ele voltou ao apartamento para receber a última dose do antibiótico e receber alta no dia seguinte. Mas, segundo familiares, foi transportado em pé em um berço, com todos os seus objetos pessoais e uma garrafa térmica com água fervendo. Segundo a mãe do bebê, esses itens permaneceram durante os 14 dias de internação no chão da UTI (contaminados) e não deveriam estar perto do bebê, mas a forma de transporte foi autorizada pelo hospital. Em meio à bagunça, a garrafa térmica vazou e acabou queimando a criança.
— No box da UTI não há lugar para colocar e as coisas ficam no chão. Virou um caminhão de mudança e, para minha surpresa e indignação, uma garrafa térmica que acabava de chegar da copa do Hospital, com água fervendo, foi junto. Ela poderia ter sido entregue no apartamento. A enfermeira responsável pela UTI Pediátrica naquele plantão autorizou e acompanhou a transferência nessas condições. A garrafa térmica vazou e a água fervente queimou seus dois pés.
A criança estava sob os cuidados da avó no momento do acidente. Ela ligou para os pais do bebê desesperada e com o menino aos berros, por conta da dor das queimaduras. Os dois saíram às presas para o Hospital Brasília, no Lago Sul, e disseram ter ficado em estado de choque ao ver o filho.
— Ele estava gemendo de dor, esgotado no colo da vó e com bolhas nos dois pés — relata a mãe.
Na madrugada do dia 22 para 23 de outubro, a família recebeu o parecer para que o bebê fosse acompanhado por um Cirurgião Geral. Mas, durante todo o dia, os pais esperaram o cirurgião plástico e não receberam a visita, nem tampouco desculpas formais de algum diretor do Hospital.
— Meu filho está de volta em casa, mas em condições que jamais pensei trazê-lo de um Hospital ainda mais sendo particular e "renomado". Olho pra ele e não consigo não pensar na dor que sentiu. Ele está muito assustado, tem medo até das pessoas conhecidas, extremamente sensível e amedrontado.
Em nota, o Hospital Brasília informou que desde o dia do acidente está prestando todo o atendimento para tornar a recuperação mais breve possível. Segundo a unidade, a criança está sendo acompanhada ambulatorialmente com a equipe de cirurgia plástica e permanecerá com estes cuidados até recuperação total. O hospital informa ainda que instaurou um comitê interno para apuração dos fatos.